Sexto ocupante da Cadeira nº 20, eleito em 25 de março de 1999, na sucessão de Aurélio de Lyra Tavares e recebido em 7 de junho de 1999 pelo Acadêmico Arnaldo Niskier.
Murilo Melo Filho
nasceu em Natal no dia 13 de outubro de 1928. Filho de Murilo Melo e de
Hermínia de Freitas Melo, é o mais velho de uma irmandade de sete. Fez o curso
primário no Colégio Marista e o colegial no Ateneu Norte-Riograndense. Aos 12
anos, ainda de calças curtas, começou a trabalhar no Diário de Natal,
com Djalma Maranhão, escrevendo um comentário esportivo e ganhando o salário de
50 mil réis por mês. Trabalhou, a seguir, em A Ordem, com Otto Guerra, Ulysses
de Góes e José Nazareno de Aguiar, e em A República, com Valdemar de Araújo,
Rivaldo Pinheiro, Aderbal de França, Luís Maranhão e Luís da Câmara Cascudo;
na Rádio Educadora de Natal, com Carlos Lamas, Carlos Farache e
Genar Wanderley; e na Rádio Poti, com Edilson Varela e Meira Filho.
Aos 18 anos, veio
para o Rio, onde estudou no Colégio Melo e Souza e foi aprovado em concursos
públicos para datilógrafo do IBGE e do Ministério da Marinha, ingressando a
seguir no Correio da Noite, como repórter de polícia.
Trabalhou seguidamente
na Tribuna da Imprensa, com Carlos Lacerda; no Jornal do
Commercio, com Elmano Cardim, San Thiago Dantas e Assis Chateaubriand;
no Estado de S. Paulo, com Júlio de Mesquita Filho e Prudente de
Moraes Neto; e na Manchete, com Adolpho Bloch.
Estudou na PUC e na
Universidade do Rio de Janeiro, pela qual se formou em Direito. Chegou a
advogar durante sete anos. Costuma dizer que quem se forma em Direito pode até
advogar.
Como repórter free-lancer,
entrou para a Manchete, criando a seção "Posto de Escuta",
que escreveu durante 40 anos. Nessa mesma época, dirigiu e apresentou na
TV-Rio, com Bony, Walter Clark e Péricles do Amaral, o programa político Congresso
em Revista, que ficou no ar ininterruptamente durante sete anos, sendo a
princípio produzido e apresentado no Rio e, depois, em Brasília.
Viveu na Nova
Capital durante o atribulado qüinqüênio de 1960 a 1965, que testemunhou em
centenas de reportagens. Construiu ali a sede de Bloch Editores e da Manchete e
foi, a convite de Darcy Ribeiro e de Pompeu de Souza, professor de Técnica de
Jornalismo na Universidade de Brasília.
Sempre em missões
jornalísticas, acompanhou os ex-presidentes Juscelino Kubitschek a Portugal;
Jânio Quadros a Cuba; João Goulart aos Estados Unidos, ao México e Chile;
Ernesto Geisel à Inglaterra e à França; e José Sarney a Portugal e aos Estados
Unidos.
Cobriu a Guerra do
Vietnã, com o fotógrafo Gervásio Baptista, em 1967, e foi o primeiro jornalista
brasileiro a cobrir a Guerra do Camboja, com o fotógrafo Antônio Rudge, em
1973, tendo chegado a Saigon e Phnom-Penh, via Tóquio.
Em audiências,
contatos, entrevistas, recepções e visitas, esteve com alguns dos líderes que
escreveram a história do mundo na segunda metade do século XX, entre outros: os
presidentes Eisenhower, Kennedy, Nixon e Reagan, na Casa Branca, em Washington;
os presidentes Charles de Gaulle e Giscard d’Estaing, no Palais d’Elysée, em
Paris; Salazar, Spínola, Caetano e Mário Soares, em Lisboa; Thatcher, em
Londres; Adenauer, em Bonn; Nasser e Anuar-el-Sadat, no Cairo; Ben Gurion,
Golda Meir, Moshé Dayan, Itzak Rabin, Simon Peres e Albert Sabin em Jerusalém;
Indira Ghandi, em Nova Delhi; Raul e Fidel Castro, Raul Roa e ‘Che’ Guevara, em
Havana; Perón, Evita, Frondizi e Menem, em Buenos Aires; Eduardo Frei, o pai,
em Santiago do Chile; o General Van Thiê, no Vietnã do Sul, e Ho-Chi-Min, no
Vietnã do Norte; Elizabeth II, Craveiro Lopes, Selassié e Sukarno, em Brasília.
Conheceu os picos
gelados de Zermat na Suíça e as geleiras de Anchorage e do Pólo Ártico; os
desertos (americano) de Nevada e (africano) do Saara; o calor da Galiléia, do
Mar Morto e das tórridas plantações de café na Costa do Marfim; a neve de Kiev
e dos Montes do Ural na antiga União Soviética; as nevascas de Helsinque e de
Oslo; os templos budistas de Angfor e de Phnom-Penh no Camboja; de Bangok na
Tailândia e de Kyoto no Japão; as ruas sujas do Harlem em Nova York e do Cairo
no Egito; os lugares santos de Roma e de Jerusalém.
Foi 32 vezes à
Europa, 27 aos Estados Unidos, quatro à América do Norte, duas à Ásia e duas à
África. Lamenta apenas que só a primeira dessas viagens, a Roma, no Ano Santo
de 1950, tenha sido possível fazer de navio.
Casado com D.
Norma, têm três filhos: Nelson, Fátima e Sérgio. É oficial da reserva do CPOR e
recebeu as Medalhas de Tamandaré e de Santos Dumont (Grande Oficial); das
Ordens dos Méritos Militar, Naval, Aeronáutico (Oficial); Judiciário
(Grã-Cruz); Cívico e Cultural (Comendador); Jornalístico; de Miguel de
Cervantes, de Câmara Cascudo e da Ordem do Rio Branco (Cavaleiro), concedida
pelo Itamaraty.
Foi eleito
unanimemente para membro titular da Academia Norte-Riograndense de Letras, onde
ocupa a Cadeira nº 19, na sucessão do Acadêmico Nilo Pereira; do PEN Clube do
Brasil e da Academia Brasileira de Letras, na Cadeira nº 20, sucedendo a
Aurélio de Lyra Tavares, da Academia Carioca de Letras, na Cadeira nº 8, em
substituição a Paschoal Villaboim Filho.
É membro do
Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Imprensa – ABI e membro da
União Brasileira de Escritores - UBE e da Academia Teresopolitana de
Letras, substituindo, na cadeira nº 13, ao Acadêmico Oswaldo Pereira de
Oliveira.
Representou a ABL
na entrega do Prêmio João Ribeiro à Academia Mato-grossense de Letras, Cuiabá;
no 40º aniversário de criação da Sudene, Recife; na posse do Acadêmico
Ariano Suassuna na Academia Paraibana de Letras, João Pessoa; na homenagem
prestada pela Academia Norte-Riograndense de Letras, Natal; no Centenário da
Academia Pernambucana de Letras, Recife; no 13º Forum Nacional do BNDES, Rio de
Janeiro; e na homenagem prestada ao Acadêmico Celso Furtado em comemoração aos
40 anos da Sudene.
Na ABL,foi eleito
Tesoureiro, Segundo-Secretário e Diretor da Biblioteca Rodolfo Garcia.
Em companhia de
Arnaldo Niskier, R. Magalhães Jr. e Joel Silveira, escreveu Cinco dias
de junho, sobre a Guerra de Israel.
Com Adonias Filho,
Amando Fontes, Cassiano Ricardo, Gustavo Corção, Hélio Silva, Josué Montello,
Octavio de Faria, Rachel de Queiroz e Walmir Ayala, é um dos autores do
livro O assunto é padre.
Com Carlos Lacerda,
Darwin Brandão, David Nasser, Edmar Morel, Francisco de Assis Barbosa, João
Martins, Joel Silveira, Justino Martins, Otto Lara Resende e Samuel Wainer,
escreveu o livro Reportagens que abalaram o Brasil.
Com textos de
Gilberto Freyre, Josué Montello, José Lins do Rego, José Américo de Almeida,
Antônio Houaiss, Raimundo Magalhães Jr., Eduardo Portella, Ronaldo Cunha Lima e
Humberto Nóbrega, é um dos autores do livro Augusto dos Anjos – A saga
de um poeta.
Lançou O
desafio brasileiro, com prefácio do ex-Ministro Reis Velloso, que vendeu 80
mil exemplares em 16 edições sucessivas, ganhando com ele o Prêmio Alfred
Jurzykowski, da Academia Brasileira de Letras, como o Melhor Ensaio do Ano.
Este livro
permaneceu durante várias semanas nas listas dos best sellers de
livrarias brasileiras e foi adotado na cadeira de Estudos e Problemas
Brasileiros de várias universidades, às quais o autor compareceu para debates
com estudantes e professores.
A versão espanhola
foi lançada em Madri, pelo Editorial Pomaire, com o título de El
desafio Brasileño, tendo vendido 10 mil exemplares.
Escreveu em
seguida O modelo brasileiro, lançado pela Editora Bloch, com
prefácio do professor e ex-Ministro Mário Henrique Simonsen, que vendeu 15 mil
exemplares em três edições e lhe granjeou o Prêmio Juca Pato, da Associação
Paulista de Escritores.
Publicou,
ainda, O Progresso Brasileiro, pela Biblioteca do Exército; Memória
viva, por Bloch Editores; O nosso Rio Grande do Norte, pela
Editora Consultor, e Rio Grande do Norte - Imagem e palavra,
todos eles com cinco mil exemplares, cada.
Na companhia dos
jornalistas Barbosa Lima Sobrinho, Villas-Boas Corrêa, Pedro do Couto, Marcio
Alves, Rogério Coelho Neto e Paulo Branco, escreveu o livro Crônica
política do Rio de Janeiro, editado pela Fundação Getúlio Vargas.
Mais recentemente,
em 1997, lançou o livro Testemunho político, pela Editora Bloch,
com prefácio do ex-Presidente, Senador e Acadêmico José Sarney além de
apresentações dos Acadêmicos Arnaldo Niskier, Carlos Heitor Cony e Barbosa Lima
Sobrinho, com 10 mil exemplares e que já está na 2ª edição, com mais 10 mil
exemplares, pela Editora Elevação.
Na Coleção Afrânio
Peixoto, da ABL, lançou o livro Múcio Leão – Centenário.
Com prefácio do
jornalista Villas-Bôas Corrêa e apresentações dos acadêmicos Tarcísio Padilha,
Arnaldo Niskier e Candido Mendes, escreveu o livro Tempo Diferente,
em co-edição da ABL e a Topbooks.
Prefaciada pelo
acadêmico Carlos Heitor Cony, lançou o livro História do Gás – do Rio
de Janeiro ao Brasil, editada pela CEG e Pancron Indústria Gráfica.
Lançado pela
"Editora União", escreveu o livro "O Brasileiro Rui
Barbosa", na 2ª edição.
Na companhia
dos escritores Ney Figueiredo, Marcelo Tognozzi, Francisco Vianna, Leandro
Fortes e das escritoras Claudia Izique e Marleine Cohen, escreveu um livro
" Políticos ao entardecer" (Getúlio, JK, Geisel, Brizola, Andreazza,
Covas e Lacerda), com texto sobre Café Filho " Um agitador na
presidência", editado pela Cultura.
Murilo Melo faleceu
no Rio de Janeiro, no dia 27 de maio de 2020
FONTE – ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS